quinta-feira, 30 de março de 2023

Descorrenta, poema de Marta Oliveira Santos.


José Rosinhas
Árvore Alheia, 2022

DESCORRENTA

 

Deambulei entre árvores diferentes

todas eretas querendo o céu beijar

mas “Árvores Alheias” seres inocentes

revelam de Gaia o caos a transbordar

que uma cresce em terra verdejante,

exibindo sua feliz copa frondosa,

a outra cresce em secura abundante

revelando sua copa menos viçosa. 

Na floresta me embrenhei e perdi!

Destes seres vivos a força apreciando,

apesar do terreno caos, nelas vi

vida crescendo e lágrimas contrariando

habitando o silêncio e a solidão dos dias

porque a saudade rasgos no tronco faz.

Porém, os ramos ao céu erguidos são guias

em busca daquele que é nosso ás

para explicar da floresta o conceito:

“Paysage, mon père ce n’est pas un peigne” !

Neste bosque as árvores criam novo efeito

mas íntegras e eretas permanecem

silenciosas tentam as estrelas escutar

e para quem as aprecia as vozes emudecem

para ouvir o coração a pensar.

 

Marta Oliveira Santos

 

Póvoa de Varzim, 29 de março de 2023

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