DESCORRENTA
Deambulei entre árvores diferentes
todas eretas querendo o céu beijar
mas “Árvores Alheias” seres inocentes
revelam de Gaia o caos a transbordar
que uma cresce em terra verdejante,
exibindo sua feliz copa frondosa,
a outra cresce em secura abundante
revelando sua copa menos viçosa.
Na floresta me embrenhei e perdi!
Destes seres vivos a força apreciando,
apesar do terreno caos, nelas vi
vida crescendo e lágrimas contrariando
habitando o silêncio e a solidão dos dias
porque a saudade rasgos no tronco faz.
Porém, os ramos ao céu erguidos são guias
em busca daquele que é nosso ás
para explicar da floresta o conceito:
“Paysage, mon
père ce n’est pas un peigne” !
Neste bosque as árvores criam novo efeito
mas íntegras e eretas permanecem
silenciosas tentam as estrelas escutar
e para quem as aprecia as vozes emudecem
para ouvir o coração a pensar.
Marta Oliveira Santos
Póvoa de Varzim, 29 de março de 2023